A médica Giovana Carpentieri, endocrinologista com foco em obesidade, diabetes e distúrbios hormonais, conta que no seu consultório recebe pacientes que chegam com infecções urinárias ou de pele que se repetem, visão embaçada, cansaço sem explicação ou até mesmo cicatrização mais lenta de feridas. “São sintomas que, isoladamente, podem parecer banais, mas quando olhados em conjunto levantam o alerta para investigar o diabetes. Por isso é importante não ignorar pequenos sinais que o corpo dá”, completa a doutora que possui experiência internacional na área.
Ela alerta também para um mito muito comum de que apenas pessoas com obesidade têm risco de desenvolver diabetes. “Isso não é verdade, embora o excesso de peso seja um fator importante, pessoas magras também podem ter a doença, principalmente se houver histórico familiar, hábitos de vida pouco saudáveis ou acúmulo de gordura abdominal”, explica.
Sinais que precisam de atenção
1 – Fadiga inexplicável que não cede com o repouso (devido à incapacidade das células de usar a glicose como energia, mesmo com altos níveis no sangue).
2 – Feridas que demoram a cicatrizar ou infecções recorrentes, como infecções urinárias, candidíase, ou problemas de gengiva (isso ocorre porque o excesso de glicose no sangue compromete a função imunológica e a circulação).
3 – Alterações visuais que vão além da necessidade de novos óculos, como visão turva intermitente, dificuldade de foco ou o surgimento de pequenas manchas escuras (indicando possível retinopatia diabética ou alterações osmóticas no cristalino),
4 – Escurecimento e espessamento de áreas como pescoço, axilas e virilha (condição conhecida ( é um forte indicador de resistência à insulina).
5 – Coceiras persistentes sem causa aparente.
6 – Dormência ou formigamento nas mãos e pés.
Como tratar e prevenir
O grande desafio do diabetes é que ele pode evoluir silenciosamente por anos, sem causar sintomas evidentes. É por isso que a prevenção é fundamental. Check-ups regulares ajudam a identificar alterações ainda no início, antes das complicações para os olhos, rins, coração ou nervos. Um simples exame de sangue pode evitar anos de problemas futuros, garantindo mais saúde e qualidade de vida.
Estar sempre em movimento também é fundamental para tratar e prevenir o diabetes tipo 2. Não é preciso virar atleta de elite; qualquer atividade física que aumente a frequência cardíaca e ative os músculos ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina e a utilizar a glicose de forma mais eficiente, como caminhar no parque, subir escadas em vez de usar o elevador, fazer pequenas pausas para alongar durante o trabalho, praticar dança, natação ou ciclismo, e até realizar exercícios de força com pesos são formas válidas de manter o corpo ativo. O ideal é buscar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana, combinando exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular.
O gerenciamento do estresse, através de técnicas de relaxamento como meditação, ou yoga, e o sono de qualidade também são fundamentais para a prevenção e controle do diabetes.
Foco na reeducação alimentar
Não é preciso uma revolução drástica, mas uma série de ajustes inteligentes na rotina. É preciso buscar qualidade no que se come e a forma como o corpo processa esses alimentos. Isso significa valorizar alimentos integrais ricos em fibras (que ajudam a controlar os picos de glicose), vegetais de todas as cores, frutas inteiras (com moderação, devido ao teor de frutose) e proteínas magras, e redescobrir o prazer de cozinhar em casa, controlando ingredientes e preparo.
O médico pós graduado em Nutrologia, Felipe Gazoni, sugere abaixo alguns cardápios para quem busca a prevenção e opções de controle para quem já tem diabetes tipo 2. Ele explica que ter uma dieta equilibrada sempre é a melhor escolha e faz uma recomendação importante: “Não pule o café da manhã, é sua principal refeição”, alerta.
Rotina alimentar preventiva
Café da manhã (opções ricas em fibras e proteínas)
Omelete com espinafre + 1 fatia de pão integral de fermentação natural
Iogurte natural sem açúcar + chia + frutas vermelhas
Vitamina com leite vegetal + aveia + cacau puro + morango
Almoço
½ prato de vegetais variados (folhas, legumes crus e cozidos)
¼ prato de proteína magra (peixe, frango, ovo, tofu, grão-de-bico)
¼ prato de carboidrato integral (arroz integral, quinoa, batata-doce, lentilha)
1 fio de azeite de oliva extra virgem
Jantar
Sopa de legumes com frango ou lentilha
Salada de folhas + atum + grão-de-bico
Omelete de legumes + salada colorida
Rotina alimentar para diabéticos
O Dr. Felipe Gazoni explica que o diabético precisa fazer acompanhamento médico para o controle alimentar e alguns quesitos são importantes como: controle de porções com carboidratos sempre acompanhados de fibras e proteínas, evitar picos glicêmicos e nada de suco de frutas, refrigerantes ou doces. Prefira fruta inteira. “Para manter o índice glicêmico baixo é preciso comer mais grãos integrais, leguminosas e vegetais, além de gorduras boas, como azeite, castanhas, sementes, abacate e peixes ricos em ômega-3”, explica.
Café da manhã
Omelete com espinafre + 1 fatia de pão integral de fermentação natural ou iogurte natural sem açúcar + chia + morangos
Café ou chá sem açúcar (adoçante natural, se necessário)
Almoço
½ prato de vegetais (crus e cozidos coloridos)
¼ prato de proteína magra (peixe, frango, ovos, tofu, leguminosas)
¼ prato de carboidrato integral (arroz integral, quinoa, batata-doce, lentilha)
Azeite de oliva extravirgem para temperar
Jantar
Sopa de legumes com frango desfiado ou lentilhas ou salada de folhas + proteína (atum, frango grelhado, ovos) + grão-de-bico ou omelete de legumes + salada colorida
